UMBANDA: Várias Formas, Várias Práticas

(Fonte: Google Imagens)
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Por Aralotum

A Umbanda, em seu seio, não discrimina nem recrimina nenhuma forma de pensar, justo motivo, por ser uma religião livre de dogmas, cartilhas ou códigos a que todos os templos devam seguir. Isso a faz ser livre em seus pensamentos, idéias, filosofias e práticas principalmente, criando assim uma gama muito grande de cultos ou apresentações diferentes sobre aquilo que é a religião em si.

Então, dentro de uma mesma religião podemos encontrar cultos firmemente ligados as matrizes indígenas, africanas, e até judaico-cristãs, orientais e etc., e isso não a faz ser uma “mistura” de várias religiões, como se não tivesse uma identidade própria. Pelo contrário, a cara do Movimento Umbandista é a pluralidade, a convergência e a síntese em prol do bem maior coletivo, que é a paz mundia

Peca quem pensa que a Umbanda é uma religião demoníaca, e que através de suas práticas busca corromper o homem ao mal. Esquecem esses que o mal vive no coração de cada um que o pratica. Por isso não somos elitistas dogmáticos, seguimos o exemplo do Mestre Jesus,que não vestia terno e nem usava gravata, mas andava no meio das multidões de pobres, doentes e pestilentos.

Desta maneira, podemos chegar perto daqueles que realmente precisam, sem distinção, se for rico, pobre, branco, negro, urbano ou rural, ser de descendência africana, branca, indígena ou oriental. No seio da Umbanda, senhora de todos nós, sempre há espaço a quem dela precisa, pois sempre haverá um culto ao qual cada um se encaixa.

Dito isso, e aprofundando um pouco mais sobre os valores, as práticas e as intenções do Movimento Umbandista, vemos um movimento que une não só as pessoas, através de suas semelhanças, mas une principalmente as várias formas de pensar, aproximando os saberes e fomentando a convergência de idéias e a tolerância entre as pessoas.

Isto me lembra um provérbio chinês, que diz: “Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocarem os pães, cada homem vai embora com um. Porém, se cada um estiver carregando uma ideia, e, ao se encontrarem, eles trocarem as idéias, ambos vão embora com duas.”

A Umbanda é uma religião com grande variedade em suas formas práticas, essa variedade parece ser decorrência da autonomia das unidades terreiro no sentido de comporem seu conjunto de crenças a partir da escolha de elementos das várias religiões disponíveis em solo brasileiro.

A ideia de que a Umbanda é uma religião de síntese tem como objetivo ressaltar uma suposta unidade de princípios entre todos os praticantes que não corresponde com os fatos da prática. Pode-se entender que essa afirmação é, na verdade, uma proposição de cunho ideológico. Como tanto, pode ser apreciada em seu aspecto positivo como a manifestação de um desejo de unidade da comunidade umbandista, um ideal a ser perseguido e não um fato observável. Se, no entanto, adotarmos a concepção negativa de ideologia derivada da teoria marxista, deveremos entender a afirmação de que a Umbanda é uma religião de síntese como um instrumento ideológico de criação ou manutenção de poder por parte de uma elite dominante. A propaganda ideológica é necessária para a formação das crenças e costumes de grupos sociais e aforismos como “a verdade não são duas” cumpre esse papel.

A disseminação dessa ideia teria então o poder de criar uma massa mais unitária e, portanto, possivelmente manipulável para fins políticos ou econômicos. Por outro lado, a utilização dessa estratégia de dominação das elites intelectuais umbandistas parece ser uma decorrência lógica da falha de outros métodos já tentados, como a proposição de uma Umbanda correta e verdadeira a qual todos fariam melhor em seguir. Vários autores do passado e do presente tentaram veicular uma doutrina definitiva com essa finalidade, sem sucesso. Já a proposta de uma Umbanda sintética é a maneira de criar um público maior, negociando a adesão de um grupo maior a uma suposta unidade sem requerer a submissão a princípios doutrinários particulares.

Descartando , dessa maneira, o instrumento de cunho ideológico e analisando as práticas umbandistas observáveis de fato, o que resta é a heterogeneidade de culto presente nas unidades-terreiro cujas causas podemos apenas inferir a partir da compreensão da criação e evolução das casas umbandistas.

Terreiros são criados por indivíduos que detêm autonomia para escolherem as crenças e práticas a serem adotadas pelos integrantes dos grupos em formação. A maior parte dos terreiros não sobrevive ao falecimento de seu fundador ou fundadora, um número ínfimo ultrapassa duas gerações de pais ou mães de santo mantendo os costumes estabelecidos no início do templo. Esses fatos nos dão uma dimensão do grau de personalismo na conformação doutrinária de cada casa. A principal causa da heterogeneidade do movimento umbandista é a escolha pessoal dos sacerdotes fundadores de templos que, evidentemente, é influenciada por outros fatores como a religião de origem do fundador, sua classe econômica e social, sua formação cultural etc.

A partir do marco inicial de fundação que parece ser o fator determinante principal, outros fatores entram em jogo. A entrada de novos adeptos, por exemplo, contribui com novas influencias a partir de seus contextos individuais próprios.

Outro fator é a necessidade que um novo terreiro tem de encontrar uma identidade que permita a presença distinta entre os tantos templos já existentes em uma localidade. Aparentemente, os frequentadores passam de um templo a outro não na expectativa de encontrar mais do mesmo, mas de achar algo em conformidade com suas próprias preferências e que responda suas indagações de modo satisfatório.

Ainda uma questão de grande importância no desenvolvimento de um terreiro é a obrigação de dar resposta às pressões econômicas que ameaçam a sobrevivência do templo. Alguns abrem mão de parte de sua autonomia por meio da venda de cotas para sócios, investidores capitalistas que iniciam com a responsabilidade de conduzir os aspectos materiais do templo e acabam também contribuindo para as decisões ditas espirituais. Outra solução é adaptar as práticas, adotando aquelas que garantem entrada financeira mais consistente como as oriundas das religiões africanas.

Podemos ainda identificar outros elementos que favorecem a continuação da heterogeneidade e que impedem a uma unidade objetiva da comunidade umbandista. Esses fatores têm a ver, por exemplo, com as adaptações das crenças em um terreiro ao longo do tempo possível apenas pelo caráter de oralidade, sem uma literatura canônica que sirva como guia condutor ou limites para os saberes e fazeres de cada grupo.

Muitas outras causas podem ser aventadas, mas são necessários estudos científicos para sustentar ou refutar essas teorias. Enquanto isso, alguns os pais e mães de santo têm a liberdade para determinar o que é ou não verdade, alterando ao longo do tempo essas verdades conforme suas conveniência.

Mesmo assim segue o Movimento Umbandista, que tenta aos poucos levar os ensinamentos do Mestre Jesus, passado através de seu próprio exemplo, e expressado nas formas de Criança (alegria e pureza), Caboclo (fortaleza e simplicidade) e Pai-Velho (sabedoria e humilde). Que visa unir as pessoas, acima de tudo, cuidando das necessidades físicas e espirituais de cada um, fazendo de nossa casa espiritual – o planeta Terra – uma só família, guiada por um só Mestre: Cristo..

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