A Grande Gira Cósmica (1)

(Fonte: http://estrelaverde.org)
(Fonte: http://estrelaverde.org)
Por Me. Obashanan

A corrente astral de Umbanda nos ensina que para uma boa gira de caridade se processar devem haver quatro trabalhos onde baixam Crianças, Caboclos, Pais Velhos e Exus, sempre nesta sequência. O que se esconde por trás destas formas de apresentação e o porquê desta ordem? é o que procuramos desvendar…

Nos primórdios do Movimento Umbandista, visando trazer de volta a Antiga Tradição perdida com o passar dos séculos, os Senhores de Aruanda acharam por bem resgatar ou fazer lembrar nossas mentes de 3 formas de apresentação que foram usadas pelos espíritos superiores, os condutores das raças, no princípio da odisseia humana quando de sua derrocada vibratória a milhares de anos atrás. A mediunidade naquela época se dava basicamente sobre 3 pontos da constituição astral dos médiuns, que eram centenas de vezes melhores que os de hoje, sendo divididos em 3 categorias:

1) Os que eram mediunizados por grandes iniciados da pura raça vermelha atuantes no plexo e no chakra laríngeo, produzindo vozes infantis. Transmissores de novos conhecimentos, traziam uma nova fórmula para se buscar a reabilitação espiritual.

2) Aqueles mediunizados na região correspondente ao tórax e ao abdômem. Grandes condutores, falavam de forma inflamante, colocando seus médiuns em posição ereta, mostrando grande vivacidade aos que ouviam suas mensagens.

3)Os que eram mediunizados pelos Magos Velhos da raça vermelha que haviam tido também vivências em outras raças onde foram grandes condutores. Se manifestavam curvando seus médiuns, ensinando o peso da experiência com suas vozes tranquilas e calmas.

Hoje em dia estes espíritos se identificam por dentro do Movimento Umbandista como Crianças, Caboclos e Pais Velhos, realizando exatamente o mesmo trabalho que realizavam a milênios atrás. Nos dias atuais, mais precisamente no começo do século (antes do advento do Caboclo das 7 Encruzilhadas) começaram a se manifestar por dentro de vários cultos visando promover-lhes a evolução que faltava para que retomassem a Tradição um dia perdida e deturpada a muito tempo atrás, sendo que esta deveria retornar ao solo sagrado onde nasceu: o Brasil.

Por isso começaram a se infiltrar por dentro dos chamados Cultos de Nação Africana, Cultos de Nação Indígena e do Kardecismo. Suas formas de apresentação foram adaptadas exatamente para que não houvesse rejeição por parte dos fiéis destes sistemas filo-religiosos (pois o preconceito e o racismo ainda imperavam) se manifestando através de raros médiuns positivos que encontravam nesses meios.

Foi então que por dentro dos cultos de nação africana começaram, vez ou outra, a baixarem “Pretos Velhos” direcionando os daquela coletividade; ao mesmo tempo nos cultos de origem indígena manifestavam-se os Caboclos e nos centros kardecistas (talvez os mais preconceituosos na época pois proibiam a manifestação espíritos considerados “atrasados” preterindo-os por doutores e filósofos. Quem conhece a história das origens do Movimento Umbandista sabe que os kardecistas proibiam a manifestação de espíritos de índios e negros em suas sessões), iniciou-se a manifestação de Crianças.

Aos poucos o Astral Superior começou a aproximar esses cultos visando sua miscigenação visto estarem muito muito mais separados pelas imperfeições naturais do homem do que por suas raízes milenares. As revelações foram se sucedendo até que os fundamentos mais ocultos fossem revelados, visando acelerar o desenvolvimento dos rituais umbandistas. Hoje os terreiros, que seguem com maior fidelidade os ensinamentos da Antiga Sabedoria, se utilizam, em suas sessões de caridade de quatro giras em uma: principia-se pela gira das Crianças, passando pela dos Caboclos, daí para os Pais Velhos e finalizando-se com Exu.

E por que desta sistemática ?

Ora, a gira de Umbanda imita a própria vida e o giro matemático do universo, em suas evoluções e transformações, seguindo, como tudo, a Lei Maior da correspondência: o que está em cima é semelhante ao que está em baixo. E o que queremos dizer com tudo isso? Bem…

Os irmãos mais atentos já perceberam que Crianças, Caboclos e Pais Velhos, antes de qualquer coisa, são entidades altamente posicionadas na evolução cósmica. Admitem serem identificados por estas vestimentas pelo fato de a sua grande maioria já não estar mais ligada a nenhum processo terreno que vise identificar o “eu” enquanto necessidade, mas são individualidades. Não são como muitos ocultistas e esoteristas querem, que o ápice da evolução seja o encontro de um nada absoluto, como se tudo que se tivesse passado durante tantas e tantas existências não valesse nada, fosse tão somente um sonho inútil.

Num segundo aspecto, estas entidades representam um próprio ciclo de vida vivenciado, e mais do que isto, refletido, pesado e contado, frente ao juiz imediato de nossos atos: nós mesmos. Estas formas nos lembram que tudo tem um início, uma plenitude e um perigeu, mas que nada tem um fim, pois, os ciclos e os ritmos se repetem  e se renovam mais e mais, para sempre. Esta é a base da criação/transformação do primeiro dia do espírito, quando acordou na matéria e percebeu que só poderia escapar de seus medos quando os consumisse e os transmutasse em realização e descoberta.

O que somos: crianças, adultos ou velhos ? a percepção do momento nos dá a resposta a todo instante: estamos além. Assim essas entidades antigas, pacientes e bondosas, voltam, pois sabem que sua evolução perde o sentido real da caridade divina: “há irmãos que ficaram para trás e se arrastam ainda na ilusão de viverem o finito”, ouviríamos, com certeza, dizerem em seu sábio e perfeito verbo, puro e criador, ao olharem para trás e nos verem movimentando-se nos círculos criados por nossa própria loucura.

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