A Bíblia Não-Escrita da Umbanda: “Nomes de Guerra”

Preto Velho
Fonte: Google Imagens

Todo espírito que se manifesta no terreiro tem um nome próprio pelo qual é conhecido no astral, participa de comunidades espirituais e, não raro, exercem funções em instituições do astral, como hospitais, centros de recuperação, guarda, juizado ou até funções administrativas e de governança. Os espíritos estudam, trabalham, aprendem e evoluem. O mundo astral não é tão diferente do nosso mundo nesse sentido.

Entretanto, quando baixam, os espíritos não se nomeiam como são do outro lado. Eles não se importam e nem nós precisamos saber que eles são o espírito “fulano de tal” governador da região X ou o “dr. não sei das quantas” que foi um importante médico conhecido em vida. Não, espíritos superiores não tem a necessidade de ostentar nomes e títulos terrestres, dado o seu nível de desprendimento da matéria. É mais salutar para o trabalho caritativo e desinteressado, o anonimato. Eles não querem ─ e não precisam ─ de fama ou de reconhecimento para fazer a caridade nos terreiros. São destituídos do próprio ego. Quanto mais evoluído o espírito, menos ele precisa disso, então eles usam codinomes ou “nomes de guerra” que são compartilhados por outros espíritos que obedecem ao seu comando e formam a sua falange ou legião.

Dessa forma, não existe um Caboclo Sete Flechas, existe uma legião de espíritos que se apresentam com o mesmo nome. O Sete Flechas que atua em determinado médium pode não ser o mesmo que atua em outro, e assim por diante. É por isso que nenhuma manifestação mediúnica é igual, mesmo se os espíritos tiverem o mesmo nome. E por isso, também, que pode acontecer de ter dois espíritos com o mesmo nome trabalhando ao mesmo tempo em locais diferentes ou no mesmo local, e não tem problema nenhum nisso. É assim que os espíritos exercem o seu trabalho na Umbanda.

O nome que eles usam sugere, ainda, o tipo de trabalho que eles exercem, seus ambientes de atuação, suas funções e a faixa vibratória a que pertencem. Vejamos alguns exemplos:

Caboclo Rompe Mato ─ Caboclo que cruza de Ogum para Oxossi e ajuda a superar dificuldades nos caminhos;

Caboclo Arranca Toco ─ Caboclo de Oxossi, que ajuda a superar dificuldades, resolver problemas e encontrar soluções;

Caboclo Arruda ─ Caboclo de Oxossi para Oxalá, que atua em favor da parte mental e espiritual do indivíduo;

Caboclo 7 Cachoeiras ─ Caboclo de Xangô para Yemanjá, atua na limpeza e equilíbrio emocional;

Pai Pedro ─ Preto Velho que cruza de Yorimá para Xangô (Pedro = Pedra em latim)

Pai João de Aruanda ─ Preto Velho que cruza de Yorimá para Oxalá, João em hebraico é Yohanan e significa “A Graça de Deus”; Aruanda é a Pátria da Luz no astral;

Exu Capa Preta ─ Exerce função de juiz no astral; atua em casos judiciais (capa preta = toga);

Exu Caveira ─ Exerce funções em favor das almas de espíritos desencarnados, almas penadas e espíritos sofredores;

Pomba Gira ─ Pomba Gira é a alcunha feminina para Exu, o nome vem do dialeto bantu Pambu Njila e significa “Guardião dos Caminhos”.

Todos os espíritos trabalhadores da Umbanda têm nomes que se relacionam com sua forma de atuação ou função no astral. Nem todos são fáceis ou óbvios de traduzir e podem ser nomes que tiveram origem em outras épocas ou pátrias. Isso faz parte dos fundamentos de conexões e forças com as quais esses espíritos trabalham e vão sendo revelados ao médium no decorrer do seu desenvolvimento espiritual.

Assim é com o nome dos Orixás também, que não tem só um significado de valor mítico ou histórico, mas são verdadeiros mantras ou vibrações que traduzem as potências da divindade: o Deus Supremo ─ Olorum, Zamby, Tupan e etc.. Dessa forma, o primeiro modo de aprender a Umbanda e compreender seus mistérios e através da observação sincera e livre de preconceitos dos próprios espíritos manifestantes, nossos amados guardiões, guias, mentores, protetores e orixás.

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