O Esoterismo de Umbanda: O Cristo Cósmico

Congá
Altar/Congá ─ Templo Estrela Verde (Fonte: Templo Estrela Verde)
Por Aralotum

“Versículo 1. O BRA-ShITh que fundou a Aliança Eterna, o Princípio é o Verbo e o Verbo está em Deus: é a Razão Divina ordenando as suas Potências.

“Versículo 2. Esta Ordem dos ALHIM é o Universo Divino, o ato direto de Deus, é o mesmo em sua Palavra. É seu ATh, sua Essência e, de ALeph a ThO, suas letras são os Deuses, os Alhim, os Arcanjos.

“Versículo 3. A Palavra Existia, pois, antes que o Nada. Ela criou Tudo. Pois sem Ela, Nada haveria sido evocado, Nada haveria Existido.

“Versículo 4. Nela estava a Vida Eterna; e a Vida era AOR, Luz e Critério de ADaM.”

(Evangelho de S. João, traduzido por D’Alveidre, em A Teogonia dos Patriarcas)

Nesses estudos aprofundados que acontecem durante a Iniciação, aprendemos que a origem de todas as potências e de todas relações surge por meio do Verbo Divino, que é a Vontade de Deus Manifesta, o Logos Universal. Esse Logos está presente em tudo e é o que determina as relações mediadas pela Lei Divina, ou seja, as Leis Universais da Natureza. Sobre este assunto, o Marquês de Saint Yves, um exímio cabalista e conhecedor dos Mistérios, deixou uma obra póstuma inacabada, mas de profundo valor iniciático, chamada “A Teogonia dos Patriarcas” (sem tradução para o português). Nessa obra, ele traduz do hebraico antigo, segundo a Coroa do Verbo, o primeiro capítulo do evangelho de São João e os dez primeiros da Gênese de Moisés ─ o Sepher Bereshit [1].

Meditando sobre esses quatro versículos, eles nos ensinam a importância da Palavra, do Verbo, como instrumento de ordenação/evocação da Vontade Divina e sua potência como princípio criacionista. A palavra ─ escrita e falada ─ tem um valor conceitual e magístico muitíssimo importante. Não é porque os antigos africanos, indígenas ou orientais seguiam a oralidade que eles não tinham recursos ou escrita (eles tinham!). Mas a escrita simbólica é de um valor mágico muitíssimo especial e, por isso, era mantida em segredo, cujo conhecimento era privilégio das castas sacerdotais.

A escrita tem o poder de concretizar no Universo Material qualquer tipo de abstração, seja ela uma ideia, uma vontade, uma verdade, um pensamento, uma ação, um espírito, uma potência. Invariavelmente, os símbolos gráficos significam abstrações no mundo concreto. A palavra escrita é a Vontade Concreta no mundo das formas, no Universo Material; é o corpo, o receptáculo, a parte concreta e material, da palavra falada; a palavra falada é o Verbo, a Vontade Manifesta, é a essência, o ideal, o espírito da palavra escrita.

É por isso, por exemplo, que na Umbanda Esotérica, assim como nos centros de Iniciação por todo o mundo, a Tradição é e sempre será transmitida pela oralidade. Espiritualmente e, verdadeiramente, falando, é da boca do mestre que sai a Palavra, a Verdade/Vontade Espíritual; e essa Palavra, essa Verdade/Vontade é o Verbo, que sai pelo Ar da boca, é o Hálito, o Sopro que dá vida para que a Luz-Consciência do discípulo desperte. Além de manter os segredos velados ao mundo profano na consciência de cada Iniciado, eis o motivo e o significado da oralidade na Umbanda Esotérica e em todas as tradições antigas.

No Sepher Bereshit o Livro da Gênese de Moisés está escrito, segundo a Coroa do Verbo:

“Versículo 1. O BRA-ShITh, o Criador dos Seis Dias, o Princípio, o Verbo, havia criado a Ordem de seus ALHIM. Este Universo de Deuses, este Olimpo de Arcanjos. É o ATh e o ALePh-ThO do Universo dos Ceus; É a Alma e a Razão do Universo dos Astros.

“Versículo 2. Pois o Universo Astral não existiria por si mesmo e era Nada; Caos sem Lei, Vazio sem Forma; E a Treva Ígnea estendendo seu sudário sobre o infinito, velava e velaria ainda O Espaço Sem Medidas e Sem Dimensões. Mas baixou o turbilhão das Potências do Verbo, o Oceano do Éter vibrava de Onda em Onda, pois ROaH, o Espírito Santo, a Divina Energia Dizia: “Haja AOR!”. E AOR existia. H’AOR – RoAH: Luz-Espírito, Vida Eterna, Substância Única da qual nasceram Três Universos: o Celeste, o Astral e o Humano.”

(A Gênese de Moisés, traduzido por D’Alveidre segundo a Coroa do Verbo)

Esses dois versículos tirados da Bíblia, obviamente, não foram traduzidos à partir da Septuaginta, ou das reformas feitas pela Igreja Católica, ou de qualquer outro tipo de bíblia moderna. Essa é uma tradução esotérica, oculta, feita por um cabalista incontestável e legítimo Iniciado.

Nesses dois fragmentos podemos ver fundamentos que são de altíssima relevância para compreender algumas partes fundamentais da Umbanda Esotérica em si e do esoterismo tradicional como um todo. Posso, inclusive, estar abrindo demais os véus sobre esse assunto. Todavia, o faremos com a intensão de que chegue até os olhos e ouvidos das pessoas que precisam sabê-lo e que isso seja válido para alguma coisa positiva, pois contra a Verdade não há resistência.

Esses versículos ensinam que no princípio existia o Verbo e que o Verbo é a Razão Divina (o Logos Divino) ordenando as suas Potências; o Verbo ─ ou seja, a Razão Divina ─ estabeleceu a Ordem dos ALHIM (Divindades, Arcanjos, Potestades); essa Ordem é o Universo dos Deuses, o Reino Virginal dos Espíritos Puros; é o Ath ─ a Essência Divina ─ e, de Aleph a Tao, suas letras são os Deuses (no coletivo) ─ o Alhim ─, os Arcanjos expressos no Universo Celeste; esta é a Alma e a Razão do Universo dos Astros, pois antes Nada existia, somente o Vazio Absoluto, sem Lei e sem Ordem. O Verbo fez criar tudo, nele estava AOR ─ a Luz ─ o Espírito, a Vida Eterna, critério necessário para a existência do Universo Celeste, do Universo Astral e do Universo Humano representado por Adam Kadmun ─ o Homem Primordial.

Não é difícil assimilar que o Verbo é a Vontade Divina manifesta, é a Razão/Inteligência que estabelece toda a hierarquia, ordem e organização existencial, da realidade espiritual à realidade humana. Toda essa hierarquia espiritual está expressa nos astros, nas estrelas, planetas e constelações que formam o Universo Celeste. De Aleph a Tao ─ ou seja, do princípio ao fim ─ a escrita simbólica é a expressão formal do Verbo/Palavra/Vontade concretizada. As letras do Alfabeto Solar são a representação dessa ordem hierárquica constituída em relação ao nosso planeta, pois, são símbolos que representam potências espirituais primordiais, corporificadas em planetas, astros e constelações que podemos observar a olho nu aqui da Terra. Tudo isso, criado e ordenado pela Vontade/Verbo/Razão Divina, é critério necessário para a existência de todas as coisas do Universo Espiritual, Astral e Humano.

IPhO
IPhO, escrito em caracteres wattan, um primitivo Alfabeto Solar que deu origem ao Devanagari ─ A Escrita dos Deuses, na Índia (Fonte: do Autor)

O Verbo, segundo a Raiz da Palavra, ou, a Coroa do Verbo, é IPhO (I = Potência Espiritual, Espírito, Vontade; Ph = Potência Criativa proclamada por uma Vontade; O = O Mundo, O Abismo, O Movimento Cíclico Universal). IPhO é o Verbo, a força criativa proclamada no Universo pela Vontade Espiritual. É o Logos Divino que ordena toda a existência, está presente em toda a criação, compreende todo o destino dos seres e as Leis Gerais da Natureza, análogas às mesmas Leis Espirituais, ou,  Leis Divinas.

Este é o mistério central pelo qual a Umbanda está fundamentada, pois, IPhO ─ o Verbo ─ estabeleceu a ordem espiritual, que é o Universo Intangível do Espírito com toda a sua Hierarquia. O ATh ─ a Essência Divina ─ e toda a Ordem de Potestades, em relação ao nosso planeta, é expressada através das letras que compõe o Alfabeto Solar, de Aleph a Tao, pois, a escrita, para nós, é a concretização da Palavra (do Verbo) e de suas Potências, tal qual os astros são a concretização da Vontade Divina e da Ordem Espiritual por ela operada.

IPhO ─ o Verbo/Logos Divino ─ está presente em todas as tradições antigas do planeta, pois, é a Razão Divina que opera toda a existência.  IPhO é, de fato, a Razão primordial de todas as coisas e, por extensão, é a síntese de toda a sabedoria espiritual. IPhO esteve presente em todo o globo no decorrer da história.

Os sacerdotes-reis do Egito eram exímios Iniciados, instruídos espiritualmente, eram conhecedores desse segredo. Por isso eram chamados de “faraós” (IPhO-RAO), pois, IPhO é a Palavra/Verbo/Logos/Vontade Divina, e, RAO é a Luz/Espírito/Essência existencial (R = Desejo/Movimento/Calor/Luz; A = o Espírito primordial, imaterial; O = o Movimento Cíclico Universal, o Abismo, o Mundo). Também por isso era dito que eles representavam a própria Vontade dos Deuses, IPhO-RAO é a Luz (espiritual) Emanada do Verbo Divino, ou seja, é o portador/transmissor da Vontade Divina, é A Palavra que Ilumina o Mundo.

Simbolos Adinkra
Símbolos Adinkra, do oeste africano, semelhantes aos hieróglifos egípcios. (Fonte: Google Imagens)

IPhO foi para a África Yorubá como Ifá e os sacerdotes, também pertencentes a realeza e a mais alta cúpula do poder, eram chamados Bàbáláwò, ou, Pais/Sacerdotes/Mestre do Segredo/Mistério; foi daí que veio para o Brasil toda a sabedoria tradicional cultuada nos candomblés de nação Ketu, Oyó, Ijexá, Efan e outros. Nas terras de um reino vizinho aos Yorubás ─ o Dahomey ─ esta sabedoria se proliferou como Fá ─ a Divindade do Verbo; foi daí que veio o Tambor de Mina e os candomblés de nação Jeje-Nagô para o Brasil. O Dahomey era um reino vizinho ao império Ashanti, que era, aparentemente, um povo de origem mais antiga na região e cuja etnia dominante ─ os Akan ─ eram exímios conhecedores dos mistérios edominavam, inclusive, uma escrita sagrada chamada Adinkra, muito semelhante aos hieróglifos egípcio; foi daí que veio a tradição da Casa Fanti-Ashanti, com grande influência Jeje-Nagô e Yorubá para o Brasil.

Todos esses impérios africanos e reinos citados mantinham uma intensa relação comercial, cultural e política entre si, tanto é verdade que Nina Rodrigues, etnólogo brasileiro, deixou escrito em umas de suas obras[2]:

Pouco sabemos da pintura negra que mesmo em África não parece ter ido além de toscos desenhos, utilizados na ornamentação dos seus edifícios, palácios, igrejas ou pejis. Todavia, assim rudimentar, este esboço de arte permitiu a criação, no Dahomey (atual Benin), de uma escritura ideográfica, análoga, senão idêntica aos hieróglifos. Seria uma língua sagrada, de cuja escritura à Europa foram ter exemplares na reprodução de frisos com que ali se decoravam os palácios reais: língua privativa, no seu conhecimento com uso dos sacerdotes de Ifá (Babalawô), os depositários das tradições nacionais em povos dos mais conhecidos da costa dos escravos.”

(Nina Rodriguês, em Os Africanos no Brasil)

Há um “mestre-raiz” na Umbanda Esotérica, que fora discípulo do Me. Yapacani, e afirma que esses sinais são os mesmo usados no Opon-Ifá da Umbanda Esotérica. É uma óbvia mentira e um claro desconhecimento, visto que os sinais do Opon-Ifá registrados por Me. Yapacani não são sequer semelhantes aos hieróglifos egípcios, ao contrário, são sinais próprios da Umbanda Esotérica e, apesar de serem chamados de hieróglifos pelo próprio Me., possuem pouca ou nenhuma ligação etnográfica com a escrita usada entre os Iniciados, Babalawôs ou Pais do Mistério no oeste africano, conhecida como Adinkra.

Se a afirmativa do dito “mestre-raiz” fosse verdade, então os Babalawôs africanos dispunham do privilégio de uma escrita que ninguém conhece, pois, nunca foi sequer registrada em lugar nenhum, diferentemente dos Adinkras que possuem um extenso estudo e registro acadêmico e estão espalhados por vários países do oeste africano (inclusive o Benin) e sua diáspora. Portanto, esses sinais que o Me. Yapacani apresenta como os hieróglifos do Opon-Ifá são inéditos e, embora possam até ter sido inspirados na escrita africana (ou não), não aparentam nenhuma semelhança etnográfica com os hieróglifos egípcios ou mesmo com os Adinkras.

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Hieróglifos do Opon-Ifá apresentados por Me. Yapacani, em Macumbas e Candomblés na Umbanda (Fonte: Google Imagens)

O fato de Me. Yapacani denominar estes sinais como hieróglifos não quer dizer que eles sejam idênticos aos egípcios, e nem que tenham vindos de lá ou do Dahomey, até porque, hieróglifo significa “escrita sagrada”, o que é um termo bastante genérico. Por fim, Me. Yapacani não deixa claro ou explicito em nenhuma parte da sua obra que estes se tratam dos mesmos sinais apontados por Nina Rodrigues, apenas apresenta como sendo os sinais que compõe o Opon-Ifá, obviamente, segundo os fundamentos da Umbanda Esotérica!!! Afirmar a ligação dos ditos sinais com a escrita africana é se aproveitar de má fé de um factoide para justificar a ignorância daquilo que não se conhece, no caso, duplamente, nem do Sistema de Ifá e nem da escrita sagrada.

Do Egito ao oeste africano e oriente-médio podemos ver os fundamentos que identificam a Doutrina do Verbo por toda parte. Na China, IPhO aparece personificado na figura de Fo-Hi, aquele que deu o conhecimento à humanidade, para a sobrevivência, ensinou a arte, a escrita e codificou as Leis Espirituais, Naturais e Divinas nos trigramas do I-Ching ─ o Livro das Murações. Fo-Hi é, de fato, o mesmo Verbo/Logos Divino atuando como síntese de todo o conhecimento oriental.

Na Grécia Antiga, IPhO pode ser relacionado com um variado número de divindades e isso se deve a todo o seu contexto histórico vivido em seus momentos específicos. Mas destaca-se Phánês ─ a Luz (Espírito) nascida do Ovo Cósmico e que se dividiu em Aêon ─ a Eternidade, as Eras e, por extensão, o Tempo (Chronos) ─ e Anánkê ─ a Necessidade. Anánkê é casada com Moros ─ o Destino Inevitável, eles são um e, ambos, são pai e mãe das Moiras ─ as personagens que presentam as forças da Criação (Klothó), da Manutenção (Láchesis) e da Destruição (Átropos) que regem o destino de toda a existência; nem o deuses podem escapar ao seu poder. Todas essas divindades são personificações de um mesmo princípio, ligado à criação e ao destino de todas as coisas.

IPhO também aparece ligado a uma outra divindade grega: Phoíbe ─ a Luz Brilhante, ou, a Iluminação. Phoíbe é uma antiga deusa lunar da profecia e do conhecimento, construiu o Oráculo de Delpho e, em unidade com Koíos ─ a Inteligência/Raciocínio, dera origem a Leto Astéria. Leto Astéria são divindades que regiam sobre o conhecimento diurno e o conhecimento noturno, mais especificamente, o conhecimento explícito e o conhecimento velado, respectivamente. Em sentido mais profundo representavam o saber sobre a Tradição Solar e Lunar, ou, o Caminho da Mão Direita e da Mão Esquerda, que antes era uno através do Verbo ─ PhoíbeLeto ─ a Sabedoria Solar ─ deu origem a Ártemis ─ o Saber Mundano que garante a subsistência e a manutenção da vida ─ e Apóllo ─ o Saber Iniciático sobre as Lei Espirituais. Astéria ─ a Sabedoria Lunar ─ juntamente com Perses ─ o Saber Pervertido ─  deram origem a Hécate ─ o Conhecimento Oculto sobre as Leis da Natureza.

Hécate era associada ao conhecimento sobre as coisas da natureza, da magia negra, da necromancia, da encruzilhadas e etc.. Apolo era associado ao conhecimento sobre as coisas espirituais, a magia branca, a divinação e etc.. Depois de Phoíbe, Apóllo foi o patrono mais famoso do Oráculo de Delpho, sendo chamado também de Phoebo.

Tal qual no exemplo anterior, Phoíbe Koíos, Leto Astéria, Ártemis e Apóllo, Perses e Hécate, correspondem a desdobramentos de um mesmo princípio: Phoíbe ─ o Verbo. É especialmente curioso como as tradições espirituais da Grécia Antiga seguiam, por modelo, o princípio básico da dualidade hermética. Não por coincidência. Todo o saber da Grécia Antiga é oriundo do Egito Antigo e, tal como lá, todos os deuses citados são uma unidade com seu par. Há o entendimento de que toda unidade é dual, pois, o um não existe por si mesmo, o um só existe em relação ao outro (no caso, o dois). Dessa forma, toda unidade só encontra sentido na dualidade; este é um entendimento geral sobre as Leis.

Tanto é verdade que, neste contexto todo, um importante elo perdido para nós, entre os mitos titânicos da Grécia Antiga, é que Phánês Phoíbe são positivo e negativo, masculino e feminino, de um mesmo princípio: o Verbo Divino. Isso pode ser comprovado pela análise morfológica das palavras em relação à própria Coroa do Verbo. Existe um sem-número de relações cabalística que podem ser alcançadas através da arqueometria ─ a Ciência do Verbo ─ e, certamente, não podemos abordar aqui, com primazia, certos conceitos que envolvem a mecânica da leitura e codificação da Cabala. Sigamos com o raciocínio. Phá-nês corresponde a (I)PhO-N Pho-íbe (ou Phoebe) corresponde a PhOI-B, ou (I)PhO-B. Segundo as relações analógicas da Cabala, a letra “N” corresponde ao Sol e letra “B” corresponde a Lua, princípios masculino e feminino que atuam sobre o nosso planeta. Da mesma forma, IPhO-N e PhOI-B são os aspectos masculino e feminino de IPhO ─ o Verbo Divino. Todas as outras divindades citadas nessas relações parentais são desdobramentos deste mesmo princípio personificado em outros seres.

Obviamente, não somos conhecedores de todo o conhecimento existe, e nem pretendemos ser codificadores ou que quer que seja de qualquer coisa nesse sentido. Mas é importante esclarecer e ajudar os interessados no Caminho. Dessa forma, acredito ter deixado algumas informações importantes para que se entenda a Umbanda Esotérica e sua relação com IPhO ─ a Razão Divina que opera toda a existência, na intensão de dirimir certos desentendimentos oriundos de ratificações e retificações infundadas sobre a Tradição.

O pouco que falamos exemplifica a presença do Verbo no continente africano, oriente, oriente médio e europeu. Infelizmente, ainda não possuímos informações o suficientes para identificar a ligação entre IPhO e as tradições pré-históricas da América. Por outro lado, existe um extenso campo de estudo favorecido pela Cabala e pela arqueometria, em que é possível identificar relações por seu valor semântico (como fizemos) ou por seu valor numérico. É, realmente, um campo muito rico de análise e pesquisa que seria de bom grado aos Iniciados mais velhos e mais novos levantar questionamentos e buscar soluções a respeito.

Acredito, sinceramente, que nem mesmo Me. Yapacani, baluarte do esoterismo de Umbanda no Brasil, deu como encerrado todo o conhecimento Tradicional sobre isso, deixando para trás uma porção de lacunas abertas e impedindo que seus descendentes alcancem novos conhecimentos ou deixem de corrigir eventuais informações que já não cabem mais. Acredito que o conhecimento esotérico na Umbanda não é um ser absoluto ou uma entidade imutável. Tanto na Umbanda como em qualquer lugar, o conhecimento é algo que está sempre em contante transformação.

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[1] Esse capítulo do Evangelho fala essencialmente sobre a imagem do Cristo Jesus, não a imagem física, tangível, palpável. Esse capítulo fala da imagem Esotérica e Oculta de Jesus. Fala do Cristo Cósmico, o próprio Verbo Encarnado, o Redentor do Mundo. É sob essa imagem do Cristo que a Umbanda Esotérica se apoia e é esse o valor de ter existido uma imagem que representa, simbolicamente, esses princípios no Altar da antiga e verdadeira T.U.O.. É importante salientar que, como explicamos, alguns símbolos são utilizados por muitas pessoas, como o símbolo da imagem de Jesus, que está presente e vivo no coração e na realidade de cada uma delas. E, como dito, a Umbanda Esotérica não pode olvidar o valor que este e outros símbolos têm na vida dela, é preciso buscar o sentido oculto por trás daquele símbolo, é preciso buscar a sua Verdade Espiritual. Sobre isso, postaremos em outro artigo todo o primeiro capítulo do Evangelho de São João, comentado segundo os olhares da Umbanda Esotérica, pois neste capítulo está guardada a Verdade Espiritual por detrás do símbolo de Jesus e que foi “revelada” com primazia por Saint Yves D’Alveidre.

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