Umbanda – Uma Religião Brasileira

Por Me. Obashanan

Revelada nos princípios da história humana, a primeira tradição retorna rumo à síntese do conhecimento.

Muitas pessoas, acreditamos nós, por total desconhecimento dos aspectos mais profundos da Umbanda cismam em dizer que ela se trata, tal e qual o Candomblé, de uma religião oriunda da África e nada mais além disso; outros dizem ser a Umbanda uma mistura desconexa de religiões, alguns achando que podem abarcá-la como mero apêndice de um outro sistema ou dogma, olhando-a como se esta fosse a pequena ignorante que precisa ser doutrinada. Ao irmão de fé que ora me lê nessas linhas, peço que redobre sua atenção e abra sua mente, procurando dentro da lógica e do bom senso, raciocinar comigo a respeito da brasilidade e da ancestralidade da Umbanda como religião, ciência, arte e filosofia.

Primeiramente direi aos que acreditam ser a Umbanda de origem africana que, até o presente momento, NÃO EXISTE nenhum sistema religioso, culto ou seita conhecida, praticada por aquelas plagas com o nome de Umbanda, ou mesmo Kimbanda encontrado, estudado e divulgado a todos pela Comunidade Científica; essa ausência de uma corrente religiosa que se assemelhasse a ela nas terras africanas já havia sido constatada e divulgada pelo Mestre Matta e Silva em suas obras sobre o assunto. Para que se confirme essa afirmativa basta que o leitor procure ler as próprias obras de W. W. da Matta e Silva bem como também outros autores como Nina Rodrigues, João do Rio, Manoel Quirino, Roger Batisde ou Donald Pierson, pesquisadores de nome e antigos o bastante para encontrarem os cultos africanos ainda em sua pureza visto que as obras de Nina Rodrigues, o mais antigo desses autores, – “Os africanos no Brasil” e “L’ Animisme Fetichiste de Negres de Bahia”datam respectivamente de 1894 e 1900. Ora, é óbvio que estes pesquisadores encontrariam a palavra Umbanda, ou mesmo alguma variação dela, dentro destes Cultos de Nação africana e não deixariam de registrá-la, uma vez que se trata de um termo ligado a processos religiosos e que jamais passariam em branco por um pesquisador zeloso.

Em segundo lugar direi aos que acham ser a Umbanda uma mistura desconexa de várias religiões e que por ser humilde deve ser “doutrinada”, o seguinte: a Umbanda parece ser uma mistura de religiões exatamente por ser ela a origem primeira e a causa de TODAS AS OUTRAS CORRENTES FILO-RELIGIOSAS DO PLANETA, ou seja, tal qual uma espiral, todas as correntes religiosas, científicas, artísticas e filosóficas convergem para um único ponto e este ponto é a Umbanda, que, escoimando o joio do trigo, a verdade da impostura, vai traduzindo o que cada uma destas correntes tem de melhor no intuito de realizar a síntese maior do conhecimento humano – o AUM BHAN DHAN.

Analisemos juntos, com a lógica e a razão, a incontestabilidade destes fatos. Para tanto, retornaremos no tempo até a época em que a terra ainda se encontrava debaixo de tempestades terríveis e ainda não havia nenhuma forma de vida complexa nos mares do planeta. Apenas os primeiros protozoários e algas microscópicas eram os habitantes do globo, fruto já de inúmeras combinações químicas e físicas que a atmosfera carregada eletricamente potencializava, gerando no oceano os primeiros habitantes de nossa casa planetária. Após muito tempo de tempestades, as primeiras porções de terra firme se elevaram do oceano dando condição de os primeiros seres saírem dos mares e pântanos e evoluírem na direção dos animais superiores. Não cabe aqui explicar pormenores da biologia ou da evolução das espécies. Lançarei apenas uma pergunta ao leitor atento que poderá pesquisar a respeito: Qual a porção de terra do planeta que é considerada a mais antiga e por isso a mais firme, isenta de terremotos, vulcões e outros cataclismas ? sim meu caro leitor, é esta mesmo onde agora pisas, o Brasil, mais especificamente o Planalto Central Brasileiro, dito por muitos como o “Coração do Mundo”.

Por analogia, fica óbvio concluir que aqui surgiram as primeiras espécies, os primeiros homens, as primeiras civilizações e, é claro, as primeiras Tradições Religiosas. Então dirá o leitor: e os fósseis? Onde estão os fósseis destes primeiros homens? Responderei que aqui mesmo e os primeiros indícios começam a aparecer através das mãos de arqueólogos tais como Niede Guidon e Fábio Parenti, provando que já haviam homens no Brasil a 56 mil anos atrás quando os sítios arqueológicos chineses datam de 50 mil anos. Tudo bem, mas o que isto tem a ver com a Umbanda? Tudo.

Voltando a questão das primeiras tradições religiosas o grande erro está em se admitir que houve uma corrente migratória da Ásia em direção à América e que os índios brasileiros seriam descendentes dos asiáticos e por isso estariam, devido ao isolamento dos continentes, presos a idade neolítica. A Corrente Astral de Umbanda ensina que todo o conhecimento saiu daqui para o resto do globo, ou seja, a corrente migratória se deu daqui para lá, conforme atestam as recentes descobertas arqueológicas. Pois então, não seria absurdo pressupor que os nossos índios – bem como todos os habitantes pré-colombianos de nosso continente – não seriam como diz a ciência oficial “povos primitivos” ainda na idade da pedra; seriam, isto sim, uma portentosa civilização já no seu perigeu, os restos de uma cultura que já foi grandiosa em milênios passados. Toda a literatura oculta de renome, atesta isso, de uma forma ou de outra, se referindo ora a primeira Raça Vermelha, ou mesmo aos continentes perdidos tidos como Atlântida, Mu, Lemúria, etc.

Num prisma mais concreto, a análise minuciosa das línguas e culturas do planeta, se comparadas a dos primitivos habitantes da América dão no que pensar tamanha as semelhanças que podemos encontrar entre um termo e outro de povos completamente diferentes. Temos por exemplo o mantra AUM, citado sempre ao se iniciar qualquer poema do sânscrito (vide Bhagavad Gita) como uma forma de louvar a divindade antes de qualquer ação. Esse mantra, o AUM, é considerado o som primordial, o ruído do universo sendo criado pelos sonhos de Brahma (Deus), o princípio e a causa de todos os sons e manifestações. Pois esse AUM pode ser encontrado velado, oculto, mas presente em sua sonoridade na maior parte dos nomes dados à divindade pelos antigos povos. Daí temos zAMby (dos Conguenses e Angolanos), olorUM (dos Yorubás), brahAMa (dos Hindús), AMaterasu (deusa do sol no Japão), WotAN (ou Odim dos Nórdicos), Thot-pAN (dos egípcios), além de muitos outros. Aqui na América temos os nossos MANitu e o brasileiríssimo TUPAN.

Poderíamos citar dezenas de outros exemplos, mas a intenção deste texto é dar ao leitor um ponto de partida para que se explique o porque da corrente tida como umbandista ter surgido da forma como surgiu e os porquês do sincretismo entre tantas religiões diferentes. Para aqueles que quiserem mais detalhes a respeito da ancestralidade Umbandista basta ler a obra de Matta e Silva “Doutrina Secreta da Umbanda”, onde encontrará detalhes e um aprofundamento sério no assunto.

AS ORIGENS DA UMBANDA PELO LADO DO ASTRAL

Nos primórdios da humanidade havia a paz, o desenvolvimento espiritual, a compreensão completa das Leis Divinas e a morte se processava de forma natural, obediente aos ciclos e ritmos do Cosmo em simbiose com as suas transformações. Naqueles magníficos tempos havia a religião ? não. Havia a filosofia ? não. Havia a ciência ? também não. O que havia então ? Havia o AUM BHAN DHAN.

Todos os processos de conhecimento, todas as formas de manifestação e compreensão do homem eram UNAS. Havia a síntese e os pilares da sabedoria do homem não estavam isolados um do outro como estão hoje. O cientista, o artista, o filósofo e o religioso eram o mesmo homem. O ser humano filosofava em alguma atividade para adquirir a ciência necessária que o possibilitaria exercê-la com a perfeição de um artista e o afinco e o respeito de um religioso.

Não havia peste, não havia a fome, não havia a guerra e não havia a morte descabida; os homens se respeitavam e respeitavam as qualidades de seus semelhantes. As capacidades que enxergava como superiores em outro não lhe provocava inveja, mas antes uma respeitosa vontade de aprender junto com seu irmão.

Esses eram os vermelhos, os primeiros senhores da Terra, sendo que toda a tradição se iniciou aqui no Planalto Central Brasileiro e daí se espalhou para o mundo, sendo guardada zelosamente nas chamadas Academias ou Colégios de Deus.

O AUM BHAN DHAN se fazia presente no coração e na alma dos homens. Essa Divina Lei foi revelada aos primeiros habitantes por grandes enviados da chamada HIERARQUIA CRÍSTICA e mesmo por seres espirituais de pátrias distantes (pátrias siderais – espíritos de outras galáxias). Ainda assim esses primeiros habitantes já possuíam sólidos conhecimentos das coisas divinas, tanto que ainda em nossos dias, entre algumas tribos pré-cabralinas, já eram conhecidos os mistérios solares e o Messias – o Cristo cósmico, fato que surpreendeu os jesuítas quando aqui chegaram já que esses se achavam os donos da tradição. Mas, infelizmente, chegou o dia em que a tradição foi deturpada e pela primeira vez o sangue correu pela terra; houve a morte, a tristeza, a dispersão da unidade do conhecimento nas quatro raças, nos quatro conhecimentos fragmentados, nas quatro dores que assolariam o homem daí para então: houve morte, houve peste, e houve, para a misericórdia dos filhos da Terra, a primeira simbologia do homem agonizante na cruz, o Messias dolorosamente pregado aos quatro princípios que se dispersavam; Este foi chamado pelos vermelhos de YURUPARY – o Agonizante, o Sacrificado.

Na Teogonia Ameríndia ele era filho de Chiucy – a Mãe Dolorosa. Ele, o 1° Cristo, desceu no seio da Raça Tupy, procurando evitar ainda mais a decadência humana. O seu símbolo, a cruz, a CURUÇÁ, ficou tão bem gravado na memória da Raça que quando as primeiras embarcações aportaram na América, os índios, já sabedores e velhos conhecidos daquele símbolo, foram receber bem seus visitantes, que a traziam desenhada em suas velas.

A tradição já bem dispersa pelo mundo e cada vez mais rara nos Templos que ainda guardavam seus valores, foi dando origem a maiores distorções, feitas por aproveitadores políticos e por pseudo-sacerdotes sedentos de poder que em nome da ganância temporal distorciam mais e mais a tradição visando seus objetivos torpes.

Os Senhores do Astral enviavam seus porta-vozes visando amenizar o estrago feito. Entre muitos emissários grandes espíritos como Rama, Krishna, Lao-Tsé, Buda, e outros tentavam manter viva a chama da AUM BHAN DHAN, ao mesmo tempo em que preparavam a descida do Mestre Jesus, já plasmando uma forte egrégora na mente dos seres humanos. A vinda do Mestre dos Mestres foi um grande marco evolutivo para o nosso Planeta. Houve de fato uma limpeza moral e espiritual sendo que um novo alento foi lançado parecendo que a humanidade poderia, de novo, experimentar a harmonia perdida do AUM BHAN DHAN.

Ora, a essa altura a tradição se encontrava fragmentada pelo globo nas mais variadas religiões e seitas, havendo, com o passar do tempo, uma maior necessidade de se velarem as verdades que estavam dispersas, pois, cada Religião tornou-se, apesar das distorções que foram impostas em suas doutrinas, um receptáculo frágil de uma pequena parcela da tradição primeva. E essa tradição deveria retornar à sua origem para recomeçar um novo ciclo na direção do AUMBHANDAN. Então, de novo, ela deveria renascer no mesmo berço onde a princípio foi gerada: o Brasil.

Pois bem, o Brasil recebeu brancos, negros e amarelos que se mesclaram a cor nativa. É verdade que o povo ainda não está totalmente misturado, mas, os princípios culturais já são mais ou menos unos. Analisemos, então, com profundidade mediana, os processos religiosos de cada uma destas quatro raças nos próximos textos dessa série que tratará a respeito das Raízes Formadoras da Umbanda.

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